quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

MINHA SÃO PAULO (CADA VEZ MAIS) VIVA!!!!!!!!!!!!!











Sou nascida na conhecida como "terra da garôa", e que teve, tem e sempre terá ótimas historias pra contar, e com isso (e mais um pouco), sempre coisas, lugares, arquiteturas, culturas, esculturas, cores, sabores, formas, flores e curiosidades, lendas a criar, transmitir, experimentar, e acima de tudo, a riqueza que aqui reside de crenças e raças, e por isso, há tanto para ver e viver... Mas mesmo com toda essa carga de possibilidades, o dia-a-dia  frenético e cronometrado, endurece a alma, o corpo e o coração, vicia nosso olhar, e com isso nos impede cada vez mais de "olhar e ver" o que está ao nosso redor, ou o que é pior: o que pode estar LITERALMENTE debaixo de nossas narinas...


Pq buscar, artisticamente falando, estilos, obras, monumentos, histórias, imagens, esculturas, de artistas e/ou movimentos artísticos europeus, como se os mesmos fossem melhores que o que NÓS temos aqui?!? Não importa se primeiras construções como as do conhecido Páteo do Colégio, sejam de estilo colonial (europeu), e levantadas com uma simplória estrutura chamada de "pau-a-pique", que nada mais eram que tramas de troncos de madeira, e cobertas com uma mistura de barro com estrume que dava a "liga", pois assim nasceu São Paulo, nas mãos dos padres jesuítas, se não me engano portugueses e espanhóis, que aqui buscavam catequizar e inserir os costumes europeus, aos indígenas...


Pouco importa, pois aos poucos, a monarquia "contaminava" a população com influências externas pois sempre buscavam se "antenar" das novidades européias, e aqui as apresentavam, vestiam, construíam, pintavam, conforme o que ocorria em suas terras natais, e assim, íamos nos envolvendo nos costumes, nos adaptando aos vestuários, recriando jardins geometricamente franceses, vendo brotar casas coloniais, igrejas barrocas, palácios "alla" Art-Nouveaus, cathedrais Neo-Góticas, edifícios modernos e por fim, obras/artistas Modernistas, que enfim, na tentativa de se desvincular do que ficou parecendo uma IMPOSIÇÃO de onde se DEVIA vir toda e qualquer tendência/interferência externa, e na busca da LIBERTAÇÃO, a necessidade de se criar (e/ou resgatar, pq não), uma própria e singular IDENTIDADE artística...


E qual foi (e ainda está sendo) o resultado de toda essa MISCELÂNEA de países, culturas, costumes, estilos, etc?!? Culminou numa cidade que acolhe a tudo e a todos de forma única, calorosa e aberta, e em seu grande e infinito coração, cozinha-se continuamente em um grande caldeirão em forma de "S", os frutos de tudo/todos que gradativamente a foram formando... Seguindo os ensinamentos ANTROPOFÁGICOS, dos brasileiríssimos artistas da Semana de 22, onde a ideia principal, (partindo tanto do nome quanto do Manifesto), onde se buscava "comer da própria carne", da própria antecedência, e tudo o que ela trazia, "digeri-la", e a partir dela, deixar nascer algo NOVO, e regional, que mesmo com bases externas, ter algo cada vez mais com a NOSSA CARA, o que enfim, nada mais é, não negando todo nosso passado, mas IR ALÉM DELE, e ter a capacidade de IR ALÉM, criar uma nova identidade de nós mesmos, uma versão atual do que já foi, reconstruir o antigo, e assim, sempre ter algo para se aprender e e ensinar, numa procura incansável do que (ou quem) VERDADEIRAMENTE somos... E somos isso: um misto do MUNDO todo numa mesma cidade...


E onde quero chegar com isso tudo?!?!? Agradecendo aos Índios, Negros, Portugueses, Espanhóis, Italianos, Alemães, Holandeses, Japoneses, Gregos, além dos Jesuítas, Judeus, Muçulmanos, Indus, Maçons, Protestantes, Umbandistas, Budistas, com toda a sorte de novos conhecimentos que formaram, formam e para sempre serão bem-vindos a fazer parte da eterna formação de uma cidade em contínua transformação, onde se tem acervos com obras originais, sejam elas pinturas, esculturas, etc, de grandes nomes de estrangeiros, que pacificamente se misturam aos NOSSOS grandes nomes... Nossas construções, parques, espaços, monumentos, cheios de curiosidades, lendas, mistérios, que misturam "passado-presente-futuro", e independente da influencia, país, estilo, apresentam uma identidades próprias, como releituras do que foi para o que pode vir a ser...


Ou ainda, os costumes, culturas, vestimentas sem esquecer do vocabulário que, (ESSES SIM), foram incorporados, deram base ao que hoje temos, usamos e vemos e dão margem para tipos, estilos, modismos e linguagens estranhamente futuristas, e por mais que erroneamente se pense, que não há mais nada a ser criado, há sempre algo a ser recriado, novamente, JAMAIS negando suas raízes, mas SEMPRE buscando ultrapassar barreiras pessoais/próprias...


Enfim, não entendo o PAULISTA/PAULISTANO, ou aquele que aqui escolheu ou se abrigou para viver/sobreviver, não consiga, devido a frieza de uma vida muitas vezes repetitiva, maçante, acaba por se esquecer de OLHAR E VER o que está ao ser redor... Perceber a riqueza de sutilezas das diversas atmosferas que nos envolvem, e nelas se permitir sentir os diferentes aromas que temos debaixo dos próprios narizes, como a primeira vez... Ou o que temos diante dos olhos, onde os mesmo deveriam ser continuamente "treinados" para ver o mesmo, como o novo, o turista ou extraterrestre, mesmo que seja a quadragésima quinta vez que se veja "Isto ou Aquilo"...


Ou ainda, debaixo dos próprios pés, nos temas e variações dos concretos e/ou outros materiais alternativos, fazendo refletir no que foi, o que hoje é, e o que pode vir a ser... E assim, pensar que se OBSERVARMOS,  sem a pressa rotineira, nos permitirmos usar e abusar dos 5, 6, 7 sentidos, sem os bloqueios ou pudores maduros, e com a pureza e a inocência de uma criança, e seu olhar curioso e investigativo, perceber o que temos nessa SÃO PAULO Carmelita, Colonial, Católica, Barroca, Art-Nouveau, Umbandista, Romântica, Budista, Neo-Gótica, Muçulmana, Moderna, Indu, Gótica, Cristã, Renascentista, Protestante, Modernista, Beneditina, e que na sua Contemporaneidade, abriga a tudo e a todos, em suas diferentes cores, negros, brancos, mulatos, amarelos, mamelucos, rosas, azuis, violetas, magentas, cians, sepias... E é EXATAMENTE nessa mistura particularmente única que temos todo um universo a descobrir diariamente...


FELIZMENTE, alguns trabalhadores que externamente já deixaram de ser criança há um certo tempo, na busca e resgate desse olhar de eterno redescobrimento e aprendizado, criaram eventos que acolhem, como faz essa cidade, mais e mais seguidores, curiosos do que já conhecem e que pouco, não querendo desmerecer o que ou quem veio de fora, mas fazendo ver e rever o que de BELO & HISTÓRICO temos, tão perto de nós e gratuitamente, como as CAMINHADAS NOTURNAS, oferecidas pelo dono de um restaurante instalado no coração de SAMPA, e que cria roteiros para passeios às quintas a partir das 20hs, saindo do Theatro Municipal, sempre com um OLHAR, foco, idéia, diferente, mas tendo como base, a MESMA bela, rica, histórica, curiosa, lendária e INTERNACIONAL terra da garoa!!!

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